O Santo que abençoa os navegantes que você precisa conhecer

De Aracaju pelas águas do rio Sergipe  as cidades que margeiam o rio São Francisco, o Bom Jesus dos Navegantes expõem a cultura e a religiosidade e a fé do povo sergipano.

No Brasil, a celebração ao Senhor dos Navegantes, foi introduzida em 1808 (Província da Bahia) pelos Portugueses Católicos, com a chegada da Família Real ao Brasil - Foto: Cassandra Teodoro (CT) @blogtucassandra

A festa do Bom Jesus dos Navegantes é uma tradição do catolicismo e da cultura popular. Realizada em vários municípios de estados nordestinos, a exemplo da Bahia, Sergipe e de Alagoas, concentra na sua celebração principalmente aos habitantes ribeirinhos do rio São Francisco e pescadores. Há um destaque para as procissões em Aracaju, no primeiro dia do ano e em alguns municípios sergipanos situados às margens do rio São Francisco nos três primeiros domingos de janeiro nas cidades de Neópolis, Gararu, Santana do São Francisco (antiga Carrapicho) e em Propriá, no último domingo do mês de janeiro e consegue reunir romeiros de todo país. 
Início & Festividades

A imagem do Bom Jesus dos Navegantes de Propriá é feita de madeira nobre, nela está gravado os nomes Penedo/AL e Propri/SE. A imagem foi esculpida por um renomado artesão de Penedo, conhecido com "Aleijadinho Penedense", Cesário Procópio dos Mártyres e foi também o escultor da imagem do Bom Jesus de Penedo, datada do início do sec. XX  e das  imagens do Senhor dos Passos (Junqueiro/AL), Senhor Morto (Neópolis/SE), São Miguel Arcanjo (Penedo/SE) e da imagem de São João Evangelista que se encontra na Igreja em  Botafogo no Rio de Janeiro. Imagem do Grupo: Propriá Cultura & Paixão

Aqui 👉Imagens  A festa tradicional e secular do Bom Jesus dos Navegantes, começou no início de século XXI, como forma de pagar promessa feita por dois pescadores. Segundo relatos  os pescadores se viram envoltos em uma tormenta nas águas do rio São Francisco e valendo-se da fé no santo considerado protetor dos pescadores e navegantes, prometeram que se salvos, realizariam todos os anos, em janeiro uma procissão fluvial em sua homenagem.  

Imagens da procissão fluvial e da Capela do Bom Jesus, onde durante todo o ano o santo permanece, só saindo neste período da festa.

A festa é realizada sempre no último domingo de janeiro, mas as homenagens ao Santo iniciam com uma missa celebrada em frente à Capela do Bom Jesus.  

Milhares de pessoas assistem a procissão passar 
Romeiros e Visitantes 
a festa atrai  centenas de devotos que costumam chegar de vários cantos do estado e do Brasil. Chegam cedo à cidade e aproveitam o dia do festejo para pagar promessas alcançadas de diversas formas, sejam acompanhando a procissão, vestidos igualmente às vestes do santo ou de branco, descalços ou de joelhos. Não importa a maneira o objetivo é reverenciar o santo como uma maneira de gratidão por graças alcançadas.
As missas fazem parte de todo evento católico. 
O  município  se  transforma   durante  toda   a  semana  da  festa  religiosa,  são  quermesses,  novenas e as missas nos quatro mastros que circundam as margens do Rio São Francisco que  dão  o  tom  e  caminho aos ribeirinhos  em  busca  das bênçãos do santo  e tem seu ponto culminante com a grande  procissão  fluvial do Bom Jesus dos Navegantes pelo Rio São Francisco, entre as cidades de Propriá/SE e  Porto Real do Colégio, em Alagoas. 
Segundo alguns pesquisadores em torno do mastro aconteceram as primeiras reuniões do homem em torno do fogo sagrado em idêntica busca de luz.  


 Imagem do final de uma das missas em um dos mastros. 

Os  mastros  conhecidos  como  MASTROS VOCATIVOS  -  são  elemento simbólico  de grande  importância  nas  comemorações coletivas e  une  a  Terra  e Céu,  vivos  e mortos, corpo e alma. 
Existem duas versões para o surgimento dos mastros na cidade de Propriá. Dizem os moradores mais  antigos da cidade que  o primeiro mastro surgiu por iniciativa da comunidade em sua maioria pescadores, moradores, como manifestação de fé e louvor ao Bom Jesus dos Navegantes.



Imagem de um dos mastros sendo conduzido
A outra versão ressalta que o surgimento dos mastros foi em decorrência das corridas de pequenas canoas que eram realizadas  como  forma  de diversão nos finais de semana pelos pescadores. Por necessidade de demarcar o local da chegada, fincavam o mastro com uma bandeira não deixando, dessa forma, dúvidas sobre os resultados da disputa.  Alguns mastros são colocados 15 dias antes de acontecerem as missas dos mastros e retirados 15 dias após o encerramento das festividades, guardados em local seguro, conduzido por um grupo de pessoas e batuqueiros que carregam os mastros até o local onde ficará guardado para a festa seguinte.
Em cada local com um mastro existe Comissões dos Mastros - considerados os  guardiões, que ficam próximos ao leito do rio. Essa comissões são formadas por moradores do local e ficam responsáveis  desde a decoração, passando pela missa que é celebrada em cada mastro, na semana da festa e pelos fogos que são liberados no encerramento da missa e no dia do cortejo fluvial. Na cidade de Propriá existe 4 mastros, são eles: Bocaiúva,  Banca do Peixe, Poeira e o Nelson Melo.
 
Imagens dos Mastros o Mastro da Quintino Bocaiúva, o primeiro dos Mastros, com sua peculiaridade festeira, a missa na terça-feira tem um elemento muito especial " O Barco de Fogo"  e o da Banca do Peixe: Simboliza a defesa, a preservação e a importância do rio para os pescadores e Ribeirinhos.

 

Imagens dos Mastros do grupo de WhatsApp:Propriá e Paixão: Mastro da Poeira que se mantém fiel as origens e as tradições de hasteamento e arreamento do mastro e ao longo de todos esses anos sempre traz o tom da festa com o som da bandinha de pífano e a tradicional dança das mulheres ao pé do Mastro pedindo proteção e bênçãos e o Mastro da Prefeito Nelson Melo ou o Mastro da Prainha é preparado com tronco de árvore de 5 a 10 metros e é pintado de azul e branco. 

Tradição secular: a procissão fluvial uma balsa conduz o Bom Jesus dos Navegantes — Foto: CT/@blogturcassandra

O cortejo para a procissão fluvial sai da catedral, no rio já esperam diversas embarcações e milhares de devotos. Essa é uma das ultimas partes da celebração ao Bom Jesus, onde milhares de fiéis pede a benção ao santo.  Foto: CT/@blogturcassandra   

Vídeo  Aqui 👉Procissão Fluvial


Durante o cortejo fluvial os fiéis e principalmente pescadores  aproveitam para agradecer pelo ano que passou e pedir proteção para o novo ano.  No final do cortejo fluvial o andor com do Bom Jesus é  levado pelos homens devotos que o conduz para a igreja matriz da cidade. Sinos da catedral repicam, anunciando a chegada do santo à igreja onde acontece uma missa em seguida os devotos em procissão acompanham o Bom Jesus dos Navegantes até sua capela de origem de onde só sairá no ano seguinte para mais uma festa do Bom Jesus dos Navegantes de Propriá.

           Trajetória do Bom Jesus dos Navegantes no Brasil

Por onde passa a procissão fluvial é saudado por  fogos.
O primeiro registro do Bom Jesus dos Navegantes no Brasil é em 1808, trazida pela Família Real.  Já a origem da procissão marítima de Bom Jesus dos Navegantes teve início no século XVIII, época em que o tráfico dos negros escravizados vindos da África  e o comércio marítimo  com o oriente era intenso. As dificuldades durante as longas viagens, como as doenças e os ataques dos navios piratas levaram os marinheiros a buscar a proteção divina no Bom Jesus dos Navegantes, dando início a uma das mais tradicionais festa religiosa. A celebração, têm inicio no primeiro dia do Ano Novo, quando ocorre a primeira procissão marítima. 

Como chegar em Propriá saindo de Aracaju

Imagem de droner da Guarda Municipal de Propriá. 


✔Pela BR 101 são apenas 100km. Existe três  maneiras mais rápidas de carro, ônibus ou táxi.

✔De carro a viagem  demora aproximadamente 1h 28m. 

✔A forma mais barata de ir de Aracaju para Propriá é de ônibus que custa R$ 20 - R$ 60 e dura 2h.

O conteúdo desta matéria faz parte da Série Turismo Religioso em Sergipe por Cassandra Teodoro e contou com alguns dados  da dissertação de mestrado de Adélia Amélia de Britto/2010. 

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